O que você estava fazendo há exatos doze meses?
Eu estava me entupindo de café para escrever o conto que fez meu nome aparecer pela primeira vez na capa de um livro.
Quando o L. F. Sá me convidou para participar do Clube Planetário (projeto da Agência Polarys que deu um empurrãozinho na carreira de vários autores independentes), eu não fazia ideia de que aquele seria o primeiro passo da correria desenfreada que a minha produção literária se tornaria. Até então, poucos textos meus tinham sido publicados de forma gratuita na Scriv, portanto, aquela era a oportunidade perfeita para participar de uma revista/antologia/periódico e ainda ganhar um trocado por isso.
Levei um fim de tarde para escrever O ódio de Circinus, conto que finalizou a edição de Abril do CP. Hoje, digo com toda a certeza da minha alma: NUNCA MAIS FAÇO UMA LOUCURA DESSAS!
OOdC é um dos textos que mais gosto, mas toda a sua produção regada a doses cavalares de cafeína não é lá algo muito saudável de se fazer a longo prazo. Como foi minha primeira publicação “oficial”, até me dou um desconto. Foi uma experiência, algo que serviu para que eu soubesse o que não fazer nas próximas vezes.
É por isso que com Musica Mortis a coisa foi bem diferente. Em termos de qualidade, os contos desse livro me agradam tanto quanto O Ódio de Circinus; o processo, entretanto, foi mais tranquilo. Mesmo com alguns perrengues com a Amazon, MM foi organizado com calma em cada detalhe, também com a ajuda valiosa dos amigos que fiz nessa estrada da literatura independente.
O momento em que cada uma dessas histórias foi concebida é outra razão importante para toda essa disparidade na produção. Quando escrevi OOdC, tudo era novidade – e eu queria mostrar serviço. A época de Musica Mortis pedia calmaria, tanto na minha vida pessoal quanto na profissional (droga, não consegui digitar essa frase sem ouvir a voz do Faustão!). Esse livro é um presente para o meu eu criança que se escondia no meio de livros e discos, esperando que todo o barulho do mundo lá fora se acalmasse (spoiler: isso nunca aconteceu).
Mas, afinal de contas: por que eu estou despejando tudo isso aqui? Bem, em que outro lugar eu poderia contar essas coisas? Além disso, este texto é quase que um lembrete de que não temos o menor controle sobre o que pode ou não acontecer em nossas vidas. Como pessoa ansiosa, sei que isso é aterrorizante. Mas tem lá sua dose de alívio. O pior pode acontecer: nos últimos meses, passei por dois períodos seguidos de luto que ainda não cicatrizaram. Porém, há chances de que o melhor aconteça: escrevi como sempre desejei fazer, conheci pessoas incríveis e…
Opa, calma aí! Isso eu não posso contar. Pelo menos, não por enquanto.
Eu realmente espero que, neste exato instante, você esteja melhor do que estava há doze meses. E que os próximos sejam muito mais surpreendentes – de maneira positiva, claro! Que ainda estejamos juntos aqui nesta newsletter, em plataformas de publicação de textos ou em qualquer outro meio que a literatura brasileira independente encontrar para se expandir e resistir.
Qualquer coisa além disso não passa de ESPECULAÇÃO.
E cadê nossa continuação d' O Ódio de Circinus, dona Rai? kakakaka 👀😂